Um sistema de irrigação que permite utilizar água de qualidade inferior e a um custo reduzido obteve mais uma patente para a Universidade Federal Rural do Semi-árido (Ufersa). A tecnologia criada permite a irrigação de culturas adensadas em fileiras – ou seja, cultivadas com menor espaço entre as plantas.
Resultado de uma pesquisa iniciada em 2014, a solução que teve a inovação reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) foi testada nos cultivos de algodão, sorgo e palma-forrageira, espécies bem adaptadas à região semiárida brasileira. O sistema permite a utilização de águas residuárias tratadas, com as provenientes do uso doméstico ou industrial.
“”Nós iniciamos o trabalho com a irrigação da palma forrageira, que é uma espécie que demanda bem pouca água”, detalha o professor do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia e pesquisador Francismar Medeiros. “Tínhamos que ter um sistema barato, que consumisse pouca água e pouca energia, além de ter o mínimo possível de perda por meio da evaporação”, acrescenta.
O invento é resultado de uma pesquisa interdisciplinar realizada pelos pesquisadores Alison Rocha de Aragão (doutorando do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia); Alyssandny Francisco Matos Xavier (egresso do curso de Mestrado em Manejo de Solo e Água); Francisco Gonçalo Filho (Departamento de Ciências Agronômicas e Florestais e egresso do curso de Doutorado em Manejo de Solo e Água); José Francismar de Medeiros (programas de Pós-Graduação em Fitotecnia e Manejo de Solo Água); Marcírio de Lemos (egresso do Doutorado em Manejo de Solo e Água); Miguel Ferreira Neto Departamento de Ciências Agronômicas e Florestais); Nildo da Silva Dias (Departamento de Ciências Agronômicas e Florestais e Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia); e Raniere Barbosa de Lira (gerente de Desenvolvimento Rural na Secretaria de Agricultura de Mossoró e egresso do Doutorado em Manejo de Solo e Água).
O sistema criado na Ufersa permite a resolução de um dos maiores desafios na reutilização de água para a irrigação, que é a presença constante de material em suspensão nestas águas. Para evitar entupimentos, os pesquisadores identificaram a efetividade da utilização de microtubos com apenas 3 milímetros de diâmetro interno. A solução encontrada substitui sistemas de filtragem encontrados nos sistemas tradicionais, barateando a reprodução do modelo.
O modelo de irrigação proposto apresenta uma vazão média dos emissores de 90 litros de água por hora, garantindo ao produtor do semiárido a possibilidade de cultivar suas terras com mais qualidade e eficiência no uso da água. “Embora a irrigação seja apontada como uma das alternativas para o desenvolvimento socioeconômico das zonas áridas e semiáridas, este é um recurso limitado pela baixa disponibilidade hídrica”, afirmam os pesquisadores. “Assim, faz-se necessário aumentar a eficiência do uso da água com o uso de sistemas de irrigação com distribuição e redistribuição de água mais uniforme, que permita saber quanto e quando irrigar, evitando as perdas e conferindo maior rendimento e qualidade das culturas”.