Com reaproveitamento de resíduo de mármore, pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semi-árido (Ufersa) desenvolveram um sensor de umidade capaz de detectar a necessidade de água em solos com maior precisão, especialmente em solos típicos do semiárido brasileiro. A inovação resultou na terceira patente obtida pela Ufersa, com o apoio da assessoria prestada pelo Núcleo de Inovação Tecnológica da universidade (NIT).
Hoje, os sensores disponíveis no mercado não estão adaptados aos solos em que se pratica a fruticultura irrigada. “Os sensores tradicionais fazem leituras em uma faixa de tensão que, para a cultura do melão, por exemplo, não se consegue identificar com precisão a umidade crítica do solo, ocasião em que a irrigação deve ser iniciada para atender a necessidade hídrica dessa cultura”, diz o professor Nildo Dias, do departamento de Ciências Agronômicas e Florestais do campus de Mossoró.
De acordo com o pesquisador Francismar de Medeiros, docente dos programas Programas de Pós-graduação em Fitotecnia e de Manejo de Solo Água, os sensores tradicionais respondem melhor em solos de clima úmidos e nos se usa sistemas de irrigação por aspersão. “Hoje a maioria das áreas irrigadas no semiarido utiliza a irrigação localizada, em que se opera com umidade muito alta e com baixa tensão no solo”.
Para conseguir atender produtores que trabalham com solos que necessitam de uma umidade quase permanente, os pesquisadores da Ufersa tiveram a ideia de utilizar o pó de mármore para aumentar a porosidade dos sensores e obter leituras mais precisas. O objetivo foi conseguir medir a umidade nas faixas de tensões menores, facilitando o manejo da água de irrigação. “Esse é o aspecto mais inovador no nosso sensor”, diz Nildo Dias. “Nós usamos o pó de mármore, que é um resíduo da indústria, juntamente com o gesso, que é o material padrão. E pelo fato de o pó de mármore ter uma maior porosidade, ele pode fazer leituras a baixas tensões, o que o sensor tradicional não consegue fazer”.
Pesquisa teve início em 2007
A pesquisa que resultou na primeira patente por inovação do Departamento de Ciências Agronômicas e Florestais teve início em 2007, sob orientação do professor José Francismar de Medeiros. Naquele ano, o então estudante de graduação Aécio de Lima Pereira começou a pensar em uma alternativa para contemplar produtores de solos típicos do semiárido.
“Nossa intenção era desenvolver um sensor para as plantas e definir o momento de irrigar e quanto irrigar para evitar desperdício de água “, lembra Aécio, que desde 2013 é professor efetivo da Ufersa. “Por isso começamos a pesquisar tentando criar um sensor que funcionasse em umidade alta do solo, já que nos solos com pouca água os sensores com gesso já atendiam”.
O depósito da patente só foi feito em 2021, em um processo que contou com o acompanhamento do Núcleo de Inovação Tecnológica da universidade (NIT). “Foi um incentivo fundamental”, lembra o professor Nildo Dias. “Sem esse apoio tudo ficaria mais difícil, mas a equipe do NIT nos acompanhou, fez reuniões e esclareceu muitos pontos “, avalia ele.
Equipe
Fazem parte da equipe responsável pela obtenção da patente os pesquisadores Francisco Aécio de Lima Pereira; José Francismar de Medeiros; Nildo da Silva Dias; Cleyton dos Santos Fernandes; Suedêmio de Lima Silva; Francisco Vanies da Silva Sá; Miguel Ferreira Neto; Francisco Valfisio da Silva; e Silvanete Severino da Silva. Boa parte das pesquisas foram realizadas no aboratório de Análise de Solo, Água e Plantas do Semi-Árido (Lasapsa).